sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Como as crianças aprendem a ouvir os sinais internos de seu corpo quando o assunto é alimentação.


O excesso de peso da população infantil no Brasil é preocupante. O retrato da criança forte sendo sinal de saúde , já não é mais o real modelo para uma criança considerável saudável . Isso porque sabemos que a obesidade leva à dislipidemia, a hipertensão e a intolerância à glicose, considerados importantes fatores de risco para o desenvolvimento de diabetes e doenças cardiovasculares.
Segundo dados estáticos do IBGE de 2009 crianças na faixa entre 5 e 9 anos com sobrepeso e obesidade já chegam a quase 50% da população. O documentário “Muito além do peso” , dirigido por Estela Renner ilustra essa realidade e foca o dia a dia das crianças e suas dificuldades em controlar o peso.
Sabemos que são vários os fatores que podem levar a criança a essa condição, mas aqui vamos lançar o olhar a um ponto especial , que é o aprendizado das crianças em ouvirem os sinais internos de seu corpo .
Como pais e ou responsáveis diretos pela alimentação infantil , devemos ter ciência que somos a primeira fonte de educação nutricional e o primeiro exemplo que a criança recebe e copia para o desenvolvimento de seus hábitos alimentares.
Segundo Evelyn Tribole , MS e Nutricionista Americana responsável por desenvolver o conceito do Intuitive Eating , relata que desde a mais tenra idade, ainda quando o primeiro alimento é o leite materno , iniciamos nossa relação com a alimentação. Envolvidos nesse processo, começamos a conhecer nossos sinais internos que chamamos de intuitivos, responsáveis em controlar nossa ingestão e nossa saciedade . Mesmo sabendo que os sistemas motivacionais que controlam essa ingestão são diferentes do adulto , pois nessa fase não há a separação distintas da fome e da sede , qualquer desconforto em busca do alimento é sinalizado . Na criança esse sinal vem através do choro, que se intensifica a medida que não é devidamente atendido.
Este processo é um sinal natural e correto. Faz com que a criança cresça com um senso de auto-confiança , certa que suas necessidades são apropriadas e consistentemente atendidas. Ela aprende que ter fome é natural e quando crescer essa sensação o impulsionará a buscar comida. Do outro lado , se esse instinto natural não for atendido a tempo, o sentimento é de que não terá comida suficiente , e então procurará atender bem mais que suas necessidades quando deparar-se com o alimento novamente.
Este estímulo, reforçado ao de fazer com a que a criança coma mesmo não estando com fome, quando já mais grandinha, tendo por base uma agenda rígida de horários e a uma quantidade pré-estabelecida (por se ter receio que esta não esteja bem alimentada ) ,desrespeita seus sinais internos de saciedade , fazendo com que ao longo dos anos , essa criança possa comer sem necessidade , pois perdeu a percepção da fome e da saciedade , sinais esses , fundamentais para mantermos nosso peso em controle por toda a vida.
Crianças sabem quanto devem comer para aplacarem sua fome e suas necessidades. Um estudo de Birch e Deysher publicado da revista Apetite, mostrou que quanto menor a criança ( 2 a 3 anos ) mais precisa é sua capacidade de regular sua ingestão alimentar , além disso quando a criança não ingere uma quantidade suficiente de energia em uma refeição acaba compensando nas refeições seguintes de uma maneira natural.
Sendo assim fica mais claro que nossos cuidados como pais ou responsáveis diretos pela alimentação das crianças também está em respeitar sua capacidade de ingestão. É papel dos pais prover uma alimentação de qualidade e saudável a seus filhos ao longo de todo o dia , favorecendo seu crescimento e a manutenção de sua saúde, mas é papel da criança comer tanto o quanto lhe for suficiente.

Vale a reflexão!

Um abraço e até a próxima.

Bibliografia :
Fisberg, Mauro & Oliveira , Cecilia Obesidade na Infancia e Adolescência , uma verdadeira epidemia : Arq Bras Endocrinol Metab vol 47 nº 2 Abril 2003
Intuitive Eating , Evelyn Tribole and Elyse Resch - St martin - 2012
Birch , l.L & Deysher, M . Caloric compensation and sensory specific satiety: evidence for self regulation of food intake by young children, Apetite 30,283-95
Psicologia Nutricional na infância – Robert drewett Editora Ibpex 2010

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